Uma família muito especial chamou a atenção de moradores da Praça de Casa Forte (Recife-PE), Residindo com a mãe no alto de uma frondosa abricó-de-macaco, filhotes de gambás começaram a se desgarrar, caindo no chão, devido ao ataque de abelhas. Dois ainda tentaram subir na árvore, mas caíram outra vez, por conta dos insetos. Resultado: os quatro bebês terminaram sendo recolhidos pela Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH). E foram enviados para o Centro de Triagem de Animais Silvestres do órgão (Cetas Tangara).
Letícia Lins, Atacados por abelhas, quatro filhotes de timbu (ou gambá) despencaram de árvore na Praça de Casa Forte, e foram resgatados pela CPRH.
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Muitas pessoas confundem o gambá com rato. Nada mais errado. O gambá também é conhecido como timbu, gambá-da-orelha-branca e cassaco. Ao contrário do roedor que transmite tantas doenças graves (inclusive a leptospirose), o gambá é um marsupial e é, portanto, primo distante do canguru. E tem função importante na natureza, segundo lembra o biólogo Eduardo Vasconcelos, da CPRH. “O timbu é importante na restauração das matas, porque se alimenta de frutos e dissemina sementes não só nas fezes, como as que foram despolpadas”, diz. Com isso, as plantas germinam, e a vegetação se recompõe.
Ele lembra que recebe diariamente telefonemas de pessoas reclamando da invasão de timbus aos seus quintais. E recomenda que não mate o animal, pois ele vai embora. “O timbu é um animal sinatrópico, pois se adaptou à vida da cidade, e aprendeu a conviver com o ambiente urbano”, lembra. Dia desses, eu caminhava pela Estrada das Ubaias, quando um timbu andava ao meu lado. Sei que o bicho de rato não tem nada. O gambá come frutas como mangas, jambos, sapotis. Mas é onívoro, e, portanto, se alimenta, também, de bichinhos menores. Na cidade, aprendeu a mexer até no lixo, em busca de comida. Por esse motivo, chega a ser confundido com os ratos. É bravo, quando se sente ameaçado, iça os pelos, abre a boca e faz um barulho, para intimidar o agressor.
"A timbu-mãe se mostrava aflita do alto do abricó, mas não teve coragem de enfrentar os curiosos, para pegar os filhotes."
Em Casa Forte, o CPRH inicialmente ia deixar a família no chão, para que a mãe os recolhesse. Mas devido ao ajuntamento de curiosos, o biólogo achou mais prudente levar os animais para o Cetas, reintroduzi-los posteriormente à natureza. Muita gente parava para fotografar os bichinhos, que tinham tamanhos diferentes. Segundo o biólogo, isso é comum na espécie. As fêmeas têm gestações de até dez filhotes, pois têm o útero bifurcado. Diferente dos outros mamíferos, os marsupiais são liberados do útero antes do feto estar inteiramente maduro, e terminam o crescimento na bolsa da mãe. “Elas nascem no início do estágio embrionário, e migram para a bolsa, período em que começam a mamar”. Explica que quando viram bebês, são transportados nas costas da mãe. Hoje a genitora olhava os filhotes caídos no chão, do alto da árvore. Mas não vinha buscá-los devido ao movimento em torno dos bichinhos. Temendo maus tratos, o biólogo da CPRH achou mais prudente resgatar a prole do “acidente”.
Veja mais fotos desses bichinhos simpáticos:
(Texto e foto do topo: Letícia Lins)
Fonte da matéria: #OXERECIFE
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