Acidez dos oceanos tem relação com pior extinção em massa

Ondas: pesquisadores afirmaram que a acidificação dos oceanos era uma suspeita há tempos, mas que nenhum indício direto tinha sido encontrado até agora
Will Dunham, da REUTERS

Washington - Trata-se de um dos maiores mistérios da ciência: o que causou a pior extinção em massa da história da Terra? E não, não foi aquela que acabou com os dinossauros.

Cientistas disseram nesta quinta-feira que grandes quantidades de dióxido de carbono expelidas por erupções vulcânicas colossais na Sibéria podem ter tornado os oceanos do mundo perigosamente ácidos 252 milhões de anos atrás, o que ajudou a desencadear uma calamidade ambiental global que matou a maioria das criaturas terrestres e marinhas.

Os pesquisadores estudaram rochas nos Emirados Árabes Unidos localizadas no leito oceânico na ocasião que guardavam um histórico detalhado das condições cambiantes dos oceanos no fim do Período Permiano.

"Este é um dos poucos casos nos quais fomos capazes de mostrar que um evento de acidificação dos oceanos aconteceu no passado remoto", disse a geocientista Rachel Wood, da Universidade de Edimburgo, parte do grupo de pesquisadores do estudo publicado no periódico Science.

"Isto é significativo porque acreditamos que os oceanos modernos estão se tornando ácidos de uma maneira semelhante", acrescentou Wood.

"Estas descobertas podem nos ajudar a entender a ameaça representada pela acidificação dos oceanos dos dias atuais para a vida marinha." Várias hipóteses foram aventadas para explicar a extinção em massa que ultrapassou até mesmo aquela de 65 milhões de anos atrás, causada por um asteroide cujo impacto aniquilou os dinossauros e muitos outros animais.

Os pesquisadores afirmaram que a acidificação dos oceanos era uma suspeita há tempos, mas que nenhum indício direto tinha sido encontrado até agora.

As gigantescas erupções que formaram uma região imensa de rocha vulcânica chamada de Armadilhas da Sibéria representam um dos maiores eventos vulcânicos do último meio bilhão de anos e duraram milhões de anos, a extensão de tempo entre os períodos Permiano e Triássico.

As quantidades impressionantes de dióxido de carbono resultantes das erupções tiveram consequências terríveis para a vida terrestre e marinha. A absorção de dióxido de carbono mudou de forma letal, ainda que temporária, a composição química dos oceanos, segundo os cientistas.

A extinção em massa durou 60 mil anos, afirmaram, e a maioria dos répteis assemelhados aos mamíferos morreu, com exceção de algumas linhagens, incluindo os ancestrais de mamíferos modernos, como o humano.

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