Na Mongólia, uma barragem gigante construída no maior rio do país pode passar a garantir grande parte da energia e água necessária para a população. Entretanto, alguns grupos ambientais estão preocupados com os impactos que a hidroelétrica e um projeto de oleoduto relacionado podem causar ao mais antigo e profundo corpo de água fresca do mundo: o Lago Baikal.
Como o lago fica próximo a fronteira com a Rússia, a Mongólia já passa a “irritar” seus vizinhos do norte, visto que o lago passa por problemas com algas a longo de suas costas, mineração não regulamentada e nível de água criticamente baixo. A hidrelétrica foi proposta primeiramente em 2013 e no momento é assunto de uma avaliação financeira do Banco Mundial, e tem seus impactos ambientais estudados. Em paralelo, a Mongólia também está considerando a construção de um dos maiores oleodutos do mundo para o transporte de água a partir do rio Orkhon, um dos afluentes do Selenga, para abastecer a mineração no deserto de Gobi, a 1000km de distância.
O impacto desses projetos será sentido principalmente na jusante do Lago Baikal. O lago foi formado em uma zona de falha tectônica há mais de 25 milhões de anos, no sul da Sibéria. Com uma profundidade máxima de quase 1700m, o Baikal contém 20% da água doce não congelada do mundo.
Devido à sua idade avançada, profundidade e localização remota, mais de 2500 espécies foram documentadas no lago, das quais mais de 75% acredita-se que sejam endêmicas e não posam ser encontradas em nenhum outro lugar no mundo. Devido às suas características únicas e sua biodiversidade, o Lago Baikal foi considerado um Patrimônio Mundial da UNESCO em 1996.
De longe, o maior e mais importante dos mais de 350 rios que correm até o Baikal é o Selenga, que contribui com quase 50% da água do lago. O Selenga e seus afluentes cobrem uma vasta área, em grande parte, no norte da Mongólia, e sua bacia hidrográfica é maior que a Espanha. O rio entra no Lago Baikal por meio do Delta de Selenga, uma zona úmida de importância reconhecida internacionalmente.
O delta é crucial para a saúde do Lago Baikal. Suas águas rasas são um terreno fértil chave para muitos peixes endêmicos, além de estar na rota migratória de milhões de aves por ano. Ele também filtra as impurezas que fluem através do rio antes de chegar ao lago.
A barragem não é a única ameaça para o delta, mas pode ser a mais importante. O Selenga já está muito poluído, a mineração de ouro e outros minerais no norte da Mongólia resultou em níveis elevados de metais pesados na água. Esgoto e estações de tratamento de água também são muito antigos, levando a concentrações elevadas de nutrientes e outros contaminantes.
No entanto, interromper o fluxo do rio tem o potencial de causar danos incalculáveis para o lago e sua vida. Qualquer redução das águas rasas do delta irá perturbar os locais de desova de muitas espécies de peixes endêmicas, além de outras espécies, incluindo aves e insetos aquáticos que vão perder suas casas. [IFLScience]
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