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Um novo olhar para os dados mais recentes de satélite de 2002 a 2014 mostram os mares se expandindo cerca de 1,4 milímetro por ano

Com o derretimento das geleiras devido à mudança climática, uma Terra cada vez mais quente e ressecada absorve um pouco dessa água em seu interior, retardando o aumento do nível do mar - é o que afirmam especialistas da Nasa nesta quinta-feira.

Medições de satélite durante a última década mostraram pela primeira vez que os continentes da Terra têm absorvido e armazenado um extra de 3,2 trilhões de toneladas de água nos solos, lagos e aquíferos subterrâneos, disseram os especialistas em um estudo publicado na revista Science.

Este armazenamento abrandou temporariamente a taxa de aumento do nível do mar em cerca de 20 por cento, disse o estudo.

"Nós sempre achamos que a dependência crescente de água subterrânea para irrigação e consumo estava resultando em uma transferência líquida de água da terra para o oceano", afirmou J.T. Reager do Jet Propulsion Laboratory da Nasa, principal autor do trabalho.

"O que nós não havíamos percebido até agora é que ao longo da última décadas as mudanças no ciclo global da água mais do que compensaram as perdas que ocorreram a partir de bombeamento de águas subterrâneas, levando a Terra a agir como uma esponja - pelo menos temporariamente".

O ciclo global da água envolve o fluxo de umidade, da evaporação sobre os oceanos à queda da chuva, à enxurrada e rios que voltam para o oceano.

A quantidade do efeito que este armazenamento teria no aumento do nível do mar permanece desconhecida até agora, já que não existem instrumentos terrestres que podem medir tais mudanças em todo o planeta.

Os dados mais recentes vieram de um par de satélites da Nasa, lançados em 2002 - conhecidos como Gravity Recovery and Climate Experiment (GRACE).

Os pesquisadores descobriram que os "ganhos de água sobre a terra foram espalhados globalmente, mas se considerados conjuntamente equivalem ao volume do Lago Huron, sétimo maior lago do mundo", disse um comunicado da Nasa.

Os pesquisadores disseram que os resultados irão ajudar os cientistas a calcular melhor as mudanças do nível do mar nos próximos anos.

"Estes resultados vão levar a um refinamento dos orçamentos nível global do mar, tais como os relatórios apresentados no Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que reconhecem a importância das mudanças provocadas pelo clima na hidrologia, mas foram incapazes de incluir qualquer estimativa confiável da sua contribuição para as alterações do nível do mar", disse o autor sênior Jay Famiglietti, professor da Universidade da Califórnia, em Irvine.

"Mas vamos precisar de um registro de dados por muito mais tempo para compreender plenamente a causa subjacente dos padrões e se eles vão persistir".

AFP