03/26/15

Dados são de 2013, quando a perda foi de 6,5 bilhões de m³ de água.
Região Norte tem maior taxa de água não faturada, diz Instituto Trata Brasil.

Clara Velasco Do G1, em São Paulo 




Mais de 6,5 bilhões de metros cúbicos de água tratada foram desperdiçados no país em 2013, o que equivale a uma perda financeira de R$ 8,015 bilhões ao ano, aponta estudo do Instituto Trata Brasil. Tais perdas correspondem a cerca de 80% dos investimentos em água e esgoto realizados em 2013, de acordo com a entidade.

O volume de água tratada não contabilizada pelas empresas de saneamento do país corresponde a 39,1% do total produzido no país. O Brasil desperdiça água que poderia encher 6,5 vezes o Sistema Cantareira, que abastece a Grande São Paulo, sem considerar as reservas técnicas.

Na projeção do estudo, se em cinco anos houvesse uma queda de 15% nas perdas no Brasil – ou seja, de 39,1% para 33% –, os ganhos totais acumulados em relação ao ano inicial seriam de R$ 3,85 bilhões.

O estudo do Trata Brasil utiliza os dados mais recentes do Ministério das Cidades sobre perdas de água no Brasil, que são de 2013. O índice de perdas de faturamento avalia o quanto da água produzida pelo sistema de abastecimento não foi faturado pelas empresas responsáveis. Essa água é tanto a que é desperdiçada na tubulação, quanto a utilizada de forma irregular através de ligações clandestinas e fraudes – e que, portanto, não é cobrada.

Considerando as regiões do país, a com o índice mais baixo é a Sul, com 34,7%. Já a Norte tem o percentual mais elevado: 60,6%, muito acima da média nacional.

"O Norte tem os piores indicadores de saneamento. É uma região que descuidou do setor. Tem a maior capacidade hídrica do país e usa os rios para diluir os esgotos", diz Édison Carlos, presidente executivo do Instituto Trata Brasil.

Evolução baixa

Ao comparar os dados de 10 anos do país, o estudo aponta que o indicador de perda de faturamento evoluiu pouco: passou de 42,2% em 2004 para 39,1% em 2013. Segundo Carlos, a evolução tímida se deu por descaso. "A gente viveu até hoje com a sensação de ter muita água, então nunca ninguém olhou esse indicador com cuidado. Apesar de isso ser algo absurdo, pois é uma perda financeira, já que uma empresa que perde 30%, 40% da água que trata perde dinheiro também", diz.

Do mesmo modo, o índice de perdas na distribuição – ou seja, o quanto da água tratada não foi consumida no sistema de abastecimento por causa de desperdícios – passou de 45,6% para 36,9%. Mesmo com uma queda maior, o instituto avalia que os níveis ainda não estão em um patamar adequado. "A queda é positiva, mas ainda é um absurdo trabalhar com níveis de 37% no país. Países desenvolvidos trabalham com média de 15%", afirma Carlos.

Segundo o presidente do instituto, a esperança é que a atual crise hídrica que o país está enfrentando seja um "divisor de águas". "Essa crise pode servir para colocar pressão não apenas nas empresas, para que haja uma troca das redes antigas de água, mas também nos prefeitos, que são responsáveis pelas concessões de serviço; nos governadores, que precisam passar metas mais ousadas para as empresas estaduais; e no governo federal, que tem que pressionar para conseguir indicadores melhores."

Cenários de redução

O estudo ainda aponta três cenários possíveis de redução dos índices de água desperdiçada e não cobrada. O primeiro, otimista, alcança perdas de 15% em 2033; o segundo, de base, atinge 20%; e o terceiro, conservador, chega a 25% em 20 anos.

O trabalho indica que os ganhos nos cinco primeiros anos já seriam significativos. Mesmo no cenário mais conservador, o montante seria de R$ 3,85 bilhões. No cenário base, o ganho bruto com a redução de perdas até 2033, considerando aumento das receitas e redução dos custos de produção, pode chegar a R$ 53,47 bilhões.

"Mesmo o cenário base precisa de um grande esforço para ser realizado. É um desafio grande, precisa ter foco e planejamento anual das empresas e das esferas de poder envolvidas", diz Carlos. "E, claro, a população deve manter seu papel fiscalizatório, sempre atenta aos vazamentos para poder cobrar."

Vazamento de água em rua de São Paulo (Foto: Victor Moriyama/G1)

Espécie foi descoberta em 1983 e foi vista raras vezes desde então.
Mesmo cientista que a descobriu conseguiu fotografar exemplar em 2014 

Do G1, em São Paulo 

Rara foto de exemplar de pika-de-Ili foi feita em 2014 pelo cientista Weidong Li no noroeste da China (Foto: Li Weidong/Wikimedia Commons)

O cientista Weidong Li, do Instituto de Ecologia e Geografia Xinjiang, na China, descobriu por acaso uma nova espécie de mamífero em 1983: a pika-de-Ili (Ochotona iliensis). O pequeno animal, encontrado pela primeira vez na cordilheira Tian Shan, no noroeste da China, tem uma peculiar aparência de bichinho de pelúcia fofo.

Desde sua descoberta, foram raras as vezes em que o mamífero foi visto. Em 2014, durante uma expedição à cordilheira Tian Shan, o mesmo cientista que descobriu a espécie conseguiu registrar em foto uma rara aparição de um exemplar. A história do raro bichinho das montanhas e seu descobridor foi publicada na edição de março da revista "National Geographic China".

Weidong Li partiu para as monhanhas em 2014 com alguns voluntários justamente para procurar exemplares da pika-de-Ili, segundo a revista. O exemplar típico do mamífero mede cerca de 20 cm, tem orelhas grandes e pêlo acinzentado com manchas marrons.

Um artigo publicado na revista científica "Oryx" por Weidong em 2005 fala sobre o possível declínio do número de exemplares de pika-de-Ili nos locais onde o animal havia sido visto anteriormente.

Segundo o artigo, o aumento da temperatura devido ao aquecimento global pode ter contribuído para o "dramático declínio" da população da espécie. O autor recomendava que a espécie fosse classificada como ameaçada de extinção.

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