12/28/15

A cúpula que começou na segunda-feira (30), em Paris, tem a meta de limitar o aquecimento da temperatura global em 2°C. Saiba o que será debatido no encontro

Começou na segunda-feira (30), com a presença de representantes de mais de 190 países, a 21ª. Edição da Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP), encontro anual no qual as nações revelam seu grau de comprometimento com metas destinadas a construir um planeta saudável. Até 11 de dezembro, as autoridades têm a missão de tentar fechar um acordo que limite o aquecimento a 2ºC em relação à era pré-industrial, reduzindo a emissão de gases causadores do efeito estufa, responsáveis por 86% do carbono que chega à atmosfera e por grande parte do aumento da temperatura.

O encontro deste ano tem uma relevância especial, pois dele sairá a assinatura de um tratado que deve substituir o defasado protocolo de Kyoto, em vigor desde 1997. O texto do novo acordo, cujo esboço foi feito na reunião de 2014, será o novo guia para regular o corte das emissões de carbono, que deve ser seguido por todas as nações.

Aquecimento - No fim de outubro, a Convenção de Mudanças Climáticas da ONU divulgou um relatório afirmando que, com os atuais comprometimentos de 146 países para reduzir emissões de gases do efeito estufa, seria possível diminuí-las em 8% até 2025 e em 9% até 2030. Isso quer dizer que, se comparadas às do período entre 1990 e 2010, as emissões de agora até 2030 terão seu ritmo diminuído em 60%. De acordo com a ONU, apesar de representarem um passo na direção certa, de um mundo de baixo carbono, os números não teriam a ambição necessária: com essas metas, o aquecimento até o final do século deve ser de 2,7°C. Ou seja, a meta de limitar o aumento de temperatura em 2°C, estabelecido na Cúpula do Clima de 2010, em Cancun, não será alcançado.

Visto de maneira isolada, o valor de 2,7ºC pode não parecer alarmante. Contudo, o planeta, assim como os humanos, os animais e as plantas, são vulneráveis mesmo ao aumento mais sutil de temperatura. Desde o início dos registros históricos, em 1880, a temperatura global subiu 0,85 grau, o que é muito, suficiente para criar um descompasso na natureza. Condições climáticas improváveis se espalham, com vários exemplos: o calor fora do comum no Ártico; as chuvas torrenciais da Índia; a secura dos mananciais de São Paulo. Isso tudo por ter ocorrido uma elevação de 0,85 grau em mais de 130 anos. O que pode acontecer com uma elevação superior a 2 graus em 100 anos, situação à qual chegaremos caso continuemos a poluir na mesma toada, pode ser o agravamento de desastres ambientais, com reflexos profundos na economia.

Estimativas feitas por cientistas revelam que, com esse aumento, uma porcentagem 26% maior de pessoas irá sofrer com a escassez de água até 2080, em comparação com a taxa de 1980. Nesse mesmo ano, o número de pessoas expostas a enchentes será seis vezes maior. A biodiversidade também será afetada, e um bom exemplo são os corais: um terço deles será degradado devido às águas mais quentes nas próximas décadas. Além disso, o calor deve diminuir a produtividade de trabalhadores em 20% até 2100.

A grande dificuldade da COP-21 é encontrar uma ação de combate que agrade a todos os 196 países (são cerca de 40.000 pessoas participando da Convenção). Países menos desenvolvidos alegam que o direito de usar combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás, os grandes emissores de carbono) poderia diminuir a miséria de suas populações, já que os países mais desenvolvidos fazem uso deles há 200 anos. Além disso, a transição para o uso de energias renováveis (como eólica ou solar) tem um custo e uma das grandes questões é decidir quem vai pagar por ele.

Vanessa Barbosa - EXAME.com
No ano passado, as energias renováveis responderam por quase metade de todas as novas usinas construídas no mundo, segundo relatório recente da Agência Internacional de Energia (AIE).

De acordo com o World Energy Outlook 2015, a energia verde é o segundo maior gerador de eletricidade do mundo, com potencial de destronar os combustíveis fósseis até 2030. 

Segundo o diretor-executivo da AIE, Fatih Birol, o relatório é um indicativo da consolidação da indústria de energia renovável. "Ela não é mais um nicho, tornou-se um combustível mainstream", disse ele ao jornal The Guardian.

O estudo aponta que 60 por cento de todos os novos investimentos em energia está sendo canalizando em projetos de geração renovável, apesar dos US$ 490 bilhões em subsídios que os combustíveis fósseis receberam no ano passado.

A inclinação do mundo para fontes de energia mais limpas é um sinal promissor que chega a poucas semanas da cúpula do clima da ONU em Paris, onde diplomatas de quase 200 países vão elaborar um acordo para reduzir drasticamente as emissões de gases-estufa.

Apesar do crescimento, as energias renováveis continuam a representar apenas uma pequena fração do consumo de energia global. Muito mais deve ser feito para descarbonizar o fornecimento de energia global, advertem os analistas a Agência.

Seu ritmo de expansão precisa acelerar se quisermos evitar os piores efeitos das mudanças climáticas associados a um aumento superior a 2ºC na temperatura do Planeta.

Para se ter ideia, um estudo divulgado nesta quinta-feira (12) mostra que os governos dos principais países industrializados fornecem mais de US$ 450 bilhões por ano para apoiar a produção de combustíveis fósseis.

Isso é quase quatro vezes os subsídios mundiais para a expansão das energias renováveis, que totalizou US$ 121 bilhões em 2013, segundo dados da AIE.

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